Estou sentada num quarto na mais completa escuridão, a única luz capaz de a penetrar é a luz que a Lua deixa escapar por entre estrelas, e também a claridade que vem de uma pequena vela em forma de rosa que arde lentamente em cima da minha secretária. Tanto negro, tanto silêncio à minha volta. Tudo isto parece sinal de um mau presságio, mas será que me importo assim tanto com isso? A mim parece-me perfeito este ambiente... Dizem que estou louca, mas não serão loucos todos os que o afirmam?! Eles tentam matar-me. Querem que eu saia para um mundo que não é o meu. Enganaram-me durante anos, toda uma vida. Disseram que sonhar era bom, e ter pesadelos era mau, mas eu aprendi que os sonhos sao meras fantasias que iludem a todas as almas. Teria sido tão mais fácil se me tivessem dito o que esperar, as dores que eu teria de enfrentar, a força que teria de ter para viver, mas não! , preferiram enganar-me, garantiram que eu nunca iria sofrer... Mas quantas vezes já me deitei neste leito de veludo que acaricia as minhas lágrimas a invocar a Morte?! Não faz sentido, nada disto faz sentido. Levaram-me a minha inocência, arrancaram-ma de mim e nem me disseram o que eu iria enfrentar. Estas paredes, esta escuridão, este silêncio, conseguerem amparar a minha dor. Eu não sou louca, loucos são aqueles que me disseram que o mundo era algo belo, que viver era a melhor coisa, loucos são os que não vêm a realidade, que vivem uma vida falaciosa. A minha lucidez não me faz ver um mundo cor-de-rosa como o mundo deles, a mim faz-me ver o desespero estampado no rosto de pessoas que sofrem, as lágrimas que o Presente e o Passado derramaram, os gritos mudos que rasgavam o silêncio mas que ninguém queria ouvir, o medo, a Morte...
Abro a janela, lá fora chove imenso mas preciso de ar, de algo que me acalme, a chuva fustiga o meu rosto, mas pouco me importa, não me magoa, e lava as minhas lágrimas... Não sou louca...
† Johanna Bathory †
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